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Se tenho tudo, porque me sinto vazia e desmotivada?

Vazio e desmotivação. Já se sentiu assim?


Sem objetivos, sem vontade de fazer as coisas, se perguntando qual seu papel no mundo.

Pode ser que se sinta improdutiva, ou quem sabe fracassada. Acaba se pegando em comparações mais ou menos assim: "fulana está fazendo e acontecendo, e eu estou estagnada".


Então você olha em volta para tudo que você tem:


Talvez uma família unida, bons relacionamentos, saúde, filhos estão bem, situação financeira ok, bens materiais, conforto, viagens, etc.


Ainda que não esteja tudo assim redondo, pode ser que você consiga olhar para a sua vida e verificar que de modo geral está tudo dentro da ordem, não te falta nada ou constatou que possui além do que um dia havia imaginado!


E curiosamente, se sente profundamente culpada por estar assim...


Olhar para tudo que você possui ao invés de trazer um conforto, dispara um sentimento de culpa por supostamente estar sendo ingrata com a vida.


E a culpa é um fardo pesado, acredite. Pois exerce uma pressão interna e é um disparador de sentimentos de medo, menos valia, e não merecimento.


Antes de prosseguirmos, quero dizer que se você não se identificou com nada até aqui, talvez esse texto não seja para você, mas quem sabe você pode compreender e ajudar alguém que esteja passando por isso?


Por que afinal, alguém que "tem tudo" se sente vazia e desmotivada?


Preciso te contar, você não tem tudo não!


Todos somos incompletos e faltantes. É inerente a nossa condição de humanos.

O “ter tudo” é muito relativo.

Aliás a falta é saudável, é da falta que vem o desejo, a falta estimula o pensamento e a capacidade de criar, de buscar.


E quem disse que tem que estar se sentindo feliz e plena o tempo todo?


Mesmo porque não é possível!


A vida tem altos e baixos, mas independente dos fatores externos, também temos uma vida emocional e mesmo que por fora esteja tudo correndo bem, o nosso mundo interno é passível de oscilações. E sim, é natural, é ok não estar bem.


Mas não é OK estar permanentemente no estado de desânimo e desmotivação. Afinal nossa existência é muito breve para não vivermos uma vida que sentimos que vale a pena!


Ditadura da felicidade


Não tem como discorrer sobre esse assunto se não falarmos um pouco da ditadura da felicidade. Esse tema foi aprofundado pelo sociólogo Zygmunt Bauman, falecido em 2017.

Um fenômeno dos nossos tempos: Ser feliz, ou melhor, mostrar que está feliz. É só olhar para as redes sociais!


E olha a contradição: A depressão foi considerada pela Organização Mundial da Saúde como o "mal do século XXI". O problema atinge 10% da população mundial e esse índice aumenta a cada ano.


Essa busca pela felicidade, ou por demonstrar que vive uma vida plena é tóxica para a saúde mental, não só porque leva a comparações descabidas e a busca por um ideal que não existe.


Mas também por esta ideia de felicidade estar associada ao consumo, status e aparência física E o pior: associada a quantidade de LIKES!!


Então, para começo de conversa não se cobre de estar feliz o tempo inteiro. Estar mais introspectiva, reflexiva, "na sua" também faz parte da vida. Assim como a tristeza, a dor, a dúvida, o desânimo.


Mas como comentei a algumas linhas antes, o vazio e a negatividade não podem ser um estado constante, permanente ou duradouro.


E como virar a chave para sair do estado de desânimo e desmotivação?


Costumo brincar que se tivesse a fórmula estaria milionária! Apesar de que não faltam gurus e um enorme mercado do auto ajuda com soluções empacotadas.


Mas sem dúvida, um primeiro e importante passo é o "se dar conta". Fazer uma reflexão, uma análise da sua vida, do seu modo de existir e se colocar no mundo.


Abaixo, algumas vivências e situações que podem desencadear mesmo que tardiamente estados de desânimo, desmotivação ou mesmo depressão. Quem sabe você pode identificar uma ou mais pistas do que pode estar acontecendo.

Mágoas e situações mal resolvidas – Seja para evitar conflitos, por medo, insegurança, ou por outras razões, pode ser que se dê conta que, por anos a fio, você pode ter suportado situações abusivas, seja na vida familiar, afetiva ou profissional.


Talvez tenha aceitado coisas que você não tolerava, se sentiu por várias vezes injustiçada ou passou por situações que não tiveram uma resolução, um fechamento e ficaram em aberto.


Magoas e situações acumuladas ao longo da vida podem gerar esse sentimento de vazio, desânimo e desmotivação ainda que não consiga fazer essa associação de forma consciente.


Perda, luto – O luto pode ser decorrente de uma morte, uma perda de pessoa querida, mas não necessariamente.


Situações como divórcio, demissão, saída dos filhos de casa, mudança geográfica, aposentadoria ou qualquer ruptura pode gerar esse sentimento.


Acontece que a tristeza, o pesar, necessitam ser vivenciados (não significa se entregar) mas reconhecer e se permitir sentir. Porém, o medo do sofrimento, pode fazer com que defesas sejam erguidas e assim vai se levando a vida como se nada estivesse acontecendo.

Essa atitude não é voluntária, é uma defesa da mente. Muitas vezes é mais do que necessário, uma questão de sobrevivência.


No entanto esse sentimento que ficou guardado pode se manifestar futuramente em forma de desânimo, depressão, desmotivação sem que você perceba uma relação.


Uma vida se adaptando a padrões – Muitas pessoas são conduzidas a construir uma vida de acordo com os paradigmas da sociedade, dentro que se espera delas.


E sem que tenha se dado conta, o tempo passou e talvez você tenha vivido o sonho de uma outra pessoa, fez uma faculdade escolhida por um familiar, casou com o parceiro porque já namorava há um tempo. Convive com pessoas que não tem os mesmos valores que os seus.


Quem sabe não gosta do seu trabalho, ou passou anos sem trabalhar para desempenhar funções domésticas. Não que haja algo de errado nisso, mas talvez não tenha feito escolhas conscientes ao longo da sua vida. Nada que não possa ser revisto, transformado.


Mas entenda que viver uma vida que você não tenha tido muita participação nas escolhas, pode sim desencadear sentimento de vazio e desânimo.

Funcionamento mental – autocritica excessiva, pensamentos destrutivos, vitimização, baixa tolerância a frustração, sentimento de exclusão.

Se sua mente opera mais no modo negativo, se você costuma enxergar o lado vazio do copo, está constantemente se criticando e criticando os outros é inevitável sentir se mal no dia a dia.


Falta de objetivos claros – ou falta do famoso propósito. Você não sabe o que quer de verdade.

Como diz a famosa frase: "para quem não sabe para onde está indo, qualquer direção serve". Não é mesmo?

Ir vivendo um dia após o outro sem objetivos, sem um propósito maior é realmente desestimulante. Objetivos que façam sentido é fundamental. Você tem sonhos, desejos, projetos?


Ambiente ruim – Às vezes você está mesmo em um ambiente desfavorável, pesado. Seja no trabalho ou na família. Busque compreender a sua participação, seu papel nesse contexto, e os possíveis ganhos secundários em fazer parte disso. Estude possibilidades, soluções para conseguir permanecer no ambiente sem deixar que te prejudique ou se é necessária uma mudança.


Falta de realização profissional – O trabalho é uma forma de se expressar e contribuir com a sociedade. Se sentir útil é uma necessidade do ser humano, assim como utilizar os talentos e habilidades. Se não consegue encontrar prazer ou sentido no seu trabalho é normal que se sinta sem motivação.


Claro que podem existir vários outros fatores que contribuem com esse mal-estar. A ideia aqui não é explorar todas as possibilidades, mas te ajudar a pensar, investigar.

Existem saídas para o sofrimento mental. E começa com um mergulho interior. Afinal, "a saída está do lado de dentro". A psicoterapia é um caminho.


Obrigada por chegar até aqui. Se gostou deste texto, compartilhe com quem pode se beneficiar.


Sou psicóloga clinica e orientadora profissional atendo adultos e adolescentes presencialmente ou online. Se acredita que posso contribuir com você, envie um whatsapp para11 995051181.


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Vazio e Desmotivação - Artigo do blog - Gisele Essoudry - Psicóloga

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